sexta-feira, 13 de março de 2009

Nossos Heróis

Só os que não reconhecem a ironia podem ser imunes ao drama racial que descrevi no conto “Pai contra mãe”, ou ao deboche que permeia minha primeira crônica após a abolição. Só esses pobres de espírito podem dizer que sou um preto de alma branca. Sou Joaquim Maria Machado de Assis. Sou um cidadão negro brasileiro.

Machado de Assis (1839-1908)

Joaquim Maria Machado de Assis nasceu no dia 21 de junho de 1839, no Rio de Janeiro. Filho de um pintor mulato e de uma lavadeira portuguesa, foi criado pela madrasta após a morte de sua mãe e, posteriormente, de seu pai. A madrasta teria se empregado como doceira em um colégio do bairro e Machado a teria ajudado como vendedor de doces, quando pequeno.
Aos 16 anos, trabalhou como aprendiz de tipógrafo de Paula Brito, ao mesmo tempo em que publicou seu primeiro poema Ela, na revista Marmota Fluminense. A partir daí, passou a colaborar regularmente com a imprensa carioca, inicialmente como tipógrafo, depois como revisor e cronista de uma sociedade em mutação.
Autodidata, ele foi contista, dramaturgo, jornalista, cronista, poeta, novelista, romancista, crítico e ensaísta, consagrando-se como um dos mais conceituados escritores brasileiros. Machado de Assis foi o fundador, primeiro presidente e presidente perpétuo da Academia Brasileira de Letras. Por sua importância, a ABL passou a ser chamada de Casa de Machado de Assis.
Ele escrevia sobre a vida fluminense da época, com um estilo sutilmente irônico que se tornou sua marca. O escritor passou pelo Romantismo e pelo Realismo, assimilando características de ambos os movimentos literários. Seu interesse central era a sondagem psicológica dos personagens. Aos 25 anos, notabilizou-se como poeta com a obra Crisálidas; aos cinqüenta, era denominado como o único, o primeiro de todos.
A obra deste extraordinário autor abrangeria, praticamente, todos os gêneros literários. Na poesia, a fase romântica é representada por Crisálidas (1864) e Falenas (1870). Já o período indianista fica explícito com Americanas (1875) e, o parnasiano, com Ocidentais (1901). Ao mesmo tempo, apareceriam as coletâneas de Contos Fluminenses (1870) e Histórias da meia-noite (1873); além dos romances Ressurreição (1872), A mão e a luva (1874), Helena (1876) e Iaiá Garcia (1878), considerados como pertencentes ao seu período romântico.
A partir de então, Machado de Assis entraria na fase das grandes obras-primas, que fogem a qualquer denominação de escola literária e que o tornaram o maior escritor das letras brasileiras e um dos maiores autores da literatura de língua portuguesa. De sua maturidade intelectual, vêm as obras Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Dom Casmurro (1899) e Quincas Borbas (1991), entre outras. Estes livros são considerados universais pela originalidade da concepção, pela agudeza dos conceitos, pela penetrante análise das paixões humanas e pela perfeição de seu estilo.
Em 1869, casou-se com Carolina Augusta Xavier de Novais. Nessa época, o escritor já era um homem bem sucedido, com um bom cargo público. Ao longo de sua vida, Machado assumiria diversos postos: primeiro como oficial da Secretaria de Estado do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, depois como oficial de gabinete, diretor geral e secretário de alguns ministros.
Seu casamento durou 35 anos. Carolina seria sua companheira, secretária, ajudante na revisão de seus manuscritos e sua enfermeira, ao cuidar de sua saúde (Machado tinha epilepsia). Com a morte da esposa, em 1904, o escritor dedicou-lhe o soneto Carolina.
Machado de Assis faleceu em 29 de setembro de 1908, no Rio de Janeiro.
Para saber mais:www.academia.org.br/imortais/cads/23/machado.htm http://www.machadodeassis.org.br/ Lopes, Nei. Enciclopédia Brasileira da Diáspora africana. SP: Selo Negro, 2004
Referências bibliográficas:Livros do autorComédiaDesencantos, 1861.Tu, só tu, puro amor, 1881.PoesiaCrisálidas, 1864.Falenas, 1870.Americanas, 1875.Poesias completas, 1901.RomanceRessurreição, 1872.A mão e a luva, 1874.Helena, 1876.Iaiá Garcia, 1878.Memórias Póstumas de Brás Cubas, 1881.Quincas Borba, 1891.Dom Casmurro, 1899.Esaú Jacó, 1904.Memorial de Aires, 1908.
Conto:Contos Fluminenses,1870.Histórias da meia-noite, 1873.Papéis avulsos, 1882.Histórias sem data, 1884.Várias histórias, 1896.Páginas recolhidas, 1899.Relíquias de casa velha, 1906.TeatroQueda que as mulheres têm para os tolos, 1861Desencantos, 1861Hoje avental, amanhã luva, 1861.O caminho da porta, 1862.O protocolo, 1862.Quase ministro, 1863.Os deuses de casaca, 1865.Tu, só tu, puro amor, 1881.

fonte:www.acordacultura.org.br

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