sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Eu sou Maria Odete Diogo dos Santos, uma cidadã, negra brasileira.

No Brasil, o racismo se apresenta de forma velada ou não contra judeus, árabes, orientais, indígenas, mas sobretudo contra os negros. No Brasil, onde os negros representam quase metade da população o preconceito e o racismo são temas que necessitam ser debatidos, para só assim construirmos uma sociedade livre dessas calamidades.
A luta do povo negro por condições de igualdade não é tarefa fácil, possui um histórico de avanços e retrocessos. A exploração, a marginalização e o preconceito não foram abolidos, continuam a existir em diversos graus.
O braço negro construiu a riqueza deste país em nossos primeiros séculos de história. Onde isto é dito, onde se aprende a importância da cultura, da contribuição dos negros? Não chegamos ao Brasil como imigrantes, de livre vontade. Séculos de escravidão, açoites e humilhações marcam esta história. Aprendemos na escola a história da Europa. E a África?
Por isso é necessário que a Lei Federal 10.639 de 09 de janeiro de 2003, que tornou obrigatório o ensino da história da África e da cultura afro-brasileira, nas escolas de educação básica e fundamental, públicas e privadas, seja implementada em Esteio e demais cidades do Brasil, pois a inclusão do negro nos livros escolares é o início da desmitificação da “Democracia Racial”, é tornar público a luta dos negros, e a importância de sua participação na construção da sociedade brasileira, bem como sua valorização como negros-brasileiros. Após cinco anos da sanção da lei, é necessário que façamos uma reflexão sobre a questão étnico-racial e a não- aplicação da lei no planejamento escolar, pois são muitas as deficiências percebidas, que impedem sua implementação, desde a desatualização de livros didáticos, falta de formação, capacitação e conhecimento da história e da cultura africana pelos educadores, até a omissão do estado brasileiro em não fazer cumprir verdadeiramente a lei.
É preciso ver na diversidade o valor da humanidade, não queremos mais lamentar as exclusões e discriminações sofridas.
Pensar no futuro é pensar na raça humana. É querer as mesmas oportunidades para todos. É colocar em prática as leis, é respeitar os direitos humanos, e acima de tudo, enxergar os negros brasileiros como cidadãos brasileiros.
Os mitos que ao longo da história nos foram incutidos devem ser discutidos e enfrentados, a fim de que possamos desatar alguns nós. Ainda é comum ouvirmos expressões como “cabelo ruim”, “fede como negro”, “negro de alma branca”.
Estamos aqui para dizer “basta”, não aceitamos racismo dissimulado, disfarçado em elogio.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

CENTENÁRIO DE NASCIMENTO - SOLANO TRINDADE

Quem foi Solano Trindade?
Solano Trindade era poeta, pintor, teatrólogo, ator e folclorista. Nasceu no dia 24 de julho de 1908, no bairro de São José, no Recife, capital de Pernambuco. Além de grande poeta negro, Solano foi um lutador, defensor incansável da liberdade. Um de seus poemas mais conhecidos, "Tem Gente com Fome", foi musicado em 1975 pelo grupo Secos & Molhados. A música foi proibida pela censura, sendo resgatada e gravada em 1980 por Ney Matogrosso, no álbum "Seu Tipo". Mas, por causa desta música, em 1944, Solano foi preso e teve o livro "Poemas de uma Vida Simples" apreendido.


CONVERSA

- Eita negro!quem foi que disseque a gente não é gente?quem foi esse demente,se tem olhos não vê...

- Que foi que fizeste manopra tanto falar assim?- Plantei os canaviais do nordeste

- E tu, mano, o que fizeste?Eu plantei algodãonos campos do sulpros homens de sangue azul que pagavam o meu trabalho com surra de cipó-pau.- Basta, mano, pra eu não chorar,E tu, Ana,Conta-me tua vida,Na senzala, no terreiro

- Eu...cantei embolada, pra sinhá dormir, fiz tranças nela, pra sinhá sair,
tomando cachaça, servi de amor,dancei no terreiro,pra sinhozinho,apanhei surras grandes, sem mal eu fazer. Eita! quanta coisatu tens pra contar...não conta mais nada, pra eu não chorar -

E tu, Manoel,que andaste a fazer- Eu sempre fui malandroÓ tia Maria,gostava de terreiro,como ninguém, subi para o morro,fiz sambas bonitos,conquistei as mulatasbonitas de lá...

Eita negro!- Quem foi que disseque a gente não é gente?Quem foi esse demente,se tem olhos não vê.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Consciência Negra

As questões étnicas e raciais devem ser vistas de forma a desmistificar a democracia racial, e tornar público a luta dos negros, e a importância de sua participação na construção da sociedade brasileira, bem como sua valorização como afro-descendente.
Queremos ser agentes de transformação, contribuindo para a elaboração de uma sociedade fundada em valores de justiça e solidariedade, onde a presença e a contribuição do negro seja acolhida como um bem.
É nesse sentido que a contribuição negra precisa se dizer forte, precisa se dizer completa, não só porque queremos ser iguais, mas porque também queremos o desigual, porque queremos acolher a diferença. A grandeza da existência humana é poder trabalhar com a pluralidade, é poder compreender nas diferenças o conjunto da igualdade humana.
A Semana da Consciência Negra é uma boa oportunidade para celebrarmos a diversidade como fundamento e valor da humanidade.
Zumbi é hoje, para a população brasileira, um símbolo de resistência. 20 de novembro, data de sua morte foi adotada como o dia da Consciência Negra, o dia tem um significado especial para nós, negros brasileiros, que reverenciamos Zumbi como nosso herói que lutou pela liberdade e como um símbolo de liberdade.