segunda-feira, 30 de março de 2009

Mensagem do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon

“A posse de um filho da África como presidente dos Estados Unidos da América neste ano representou, por vários motivos, um marco histórico em uma jornada que começou há mais de 400 anos. Por toda a América e Caribe, os descendentes da maior migração forçada da história lutaram – e continuam lutando – por justiça, inclusão e respeito”.“O Dia Internacional em Memória das Vítimas da Escravidão e do Tráfico de Transatlântico de Escravos é um tributo aos milhões de africanos retirados violentamente de sua terra natal e submetidos à escravidão. As estimativas sobre o número de homens e mulheres transportados variam, mas o legado desse tráfico vil não pode ser questionado. A África ainda não se recuperou dos estragos causados pelo tráfico de escravos e da era de colonização que veio a seguir. Do outro lado do Atlântico, na Europa e em toda parte, os descendentes de africanos ainda lutam diariamente contra o preconceito enraizado que os mantém de forma desproporcional na pobreza.”“Apesar de a escravidão ter sido oficialmente abolida, o racismo ainda é uma mácula em nosso mundo. Assim como as formas modernas de escravidão, como o trabalho compulsório, a prostituição forçada, o recrutamento de crianças na guerra e o tráfico internacional de drogas. É essencial que nos manifestemos em alto e bom tom contra esses tipos de abuso. A declaração Universal dos Direitos Humanos estabelece que ‘todo ser humano nasce livre e igual em dignidade e direitos’. O desrespeito a este princípio fundamental leva à desumanidade que é a escravidão e os horrores do genocídio.”

sexta-feira, 20 de março de 2009

21 de março, Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial

O que é discriminação racial?
A Convenção Internacional para a Eliminação de todas as Normas de Discriminação Racial da ONU, ratificada pelo Brasil, diz que:

"Discriminação Racial significa qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada na raça, cor, ascendência, origem étnica ou nacional com a finalidade ou o efeito de impedir ou dificultar o reconhecimento e/ou exercício, em bases de igualdade, aos direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou qualquer outra área da vida pública" Art. 1.


A essência da convivência harmoniosa e pacífica entre os povos, é saber entender e respeitar as pessoas e suas diferentes histórias de vida, orientação sexual, culturas, idades, ideologias, valores e religião.
É comum ouvir dizer que hoje no Brasil já não existe mais racismo, preconceito ou discriminação. Ao mesmo tempo é impossível negar o alargamento das diferenças sociais e econômicas sofridas pela sociedade no decorrer dos séculos. Para entender estas diferenças é necessário voltar ao período de colonização do País, para perceber também, que há, através da história a perpetuação da discriminação. O dia 21 de março oferece a oportunidade de celebrar e recordar avanços, assim como examinar os desafios pendentes para a eliminação da discriminação racial. Ao mesmo tempo que relembramos os sacrifícios, o sofrimento e as vitórias na luta contra o racismo, ao longo dos anos em todo o mundo, devemos responder ao apelo da Declaração Universal dos Direitos Humanos, no sentido de “reafirmar a fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade, no valor da pessoa e na igualdade de direitos do homem e da mulher”.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Nossos Heróis

Só os que não reconhecem a ironia podem ser imunes ao drama racial que descrevi no conto “Pai contra mãe”, ou ao deboche que permeia minha primeira crônica após a abolição. Só esses pobres de espírito podem dizer que sou um preto de alma branca. Sou Joaquim Maria Machado de Assis. Sou um cidadão negro brasileiro.

Machado de Assis (1839-1908)

Joaquim Maria Machado de Assis nasceu no dia 21 de junho de 1839, no Rio de Janeiro. Filho de um pintor mulato e de uma lavadeira portuguesa, foi criado pela madrasta após a morte de sua mãe e, posteriormente, de seu pai. A madrasta teria se empregado como doceira em um colégio do bairro e Machado a teria ajudado como vendedor de doces, quando pequeno.
Aos 16 anos, trabalhou como aprendiz de tipógrafo de Paula Brito, ao mesmo tempo em que publicou seu primeiro poema Ela, na revista Marmota Fluminense. A partir daí, passou a colaborar regularmente com a imprensa carioca, inicialmente como tipógrafo, depois como revisor e cronista de uma sociedade em mutação.
Autodidata, ele foi contista, dramaturgo, jornalista, cronista, poeta, novelista, romancista, crítico e ensaísta, consagrando-se como um dos mais conceituados escritores brasileiros. Machado de Assis foi o fundador, primeiro presidente e presidente perpétuo da Academia Brasileira de Letras. Por sua importância, a ABL passou a ser chamada de Casa de Machado de Assis.
Ele escrevia sobre a vida fluminense da época, com um estilo sutilmente irônico que se tornou sua marca. O escritor passou pelo Romantismo e pelo Realismo, assimilando características de ambos os movimentos literários. Seu interesse central era a sondagem psicológica dos personagens. Aos 25 anos, notabilizou-se como poeta com a obra Crisálidas; aos cinqüenta, era denominado como o único, o primeiro de todos.
A obra deste extraordinário autor abrangeria, praticamente, todos os gêneros literários. Na poesia, a fase romântica é representada por Crisálidas (1864) e Falenas (1870). Já o período indianista fica explícito com Americanas (1875) e, o parnasiano, com Ocidentais (1901). Ao mesmo tempo, apareceriam as coletâneas de Contos Fluminenses (1870) e Histórias da meia-noite (1873); além dos romances Ressurreição (1872), A mão e a luva (1874), Helena (1876) e Iaiá Garcia (1878), considerados como pertencentes ao seu período romântico.
A partir de então, Machado de Assis entraria na fase das grandes obras-primas, que fogem a qualquer denominação de escola literária e que o tornaram o maior escritor das letras brasileiras e um dos maiores autores da literatura de língua portuguesa. De sua maturidade intelectual, vêm as obras Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Dom Casmurro (1899) e Quincas Borbas (1991), entre outras. Estes livros são considerados universais pela originalidade da concepção, pela agudeza dos conceitos, pela penetrante análise das paixões humanas e pela perfeição de seu estilo.
Em 1869, casou-se com Carolina Augusta Xavier de Novais. Nessa época, o escritor já era um homem bem sucedido, com um bom cargo público. Ao longo de sua vida, Machado assumiria diversos postos: primeiro como oficial da Secretaria de Estado do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, depois como oficial de gabinete, diretor geral e secretário de alguns ministros.
Seu casamento durou 35 anos. Carolina seria sua companheira, secretária, ajudante na revisão de seus manuscritos e sua enfermeira, ao cuidar de sua saúde (Machado tinha epilepsia). Com a morte da esposa, em 1904, o escritor dedicou-lhe o soneto Carolina.
Machado de Assis faleceu em 29 de setembro de 1908, no Rio de Janeiro.
Para saber mais:www.academia.org.br/imortais/cads/23/machado.htm http://www.machadodeassis.org.br/ Lopes, Nei. Enciclopédia Brasileira da Diáspora africana. SP: Selo Negro, 2004
Referências bibliográficas:Livros do autorComédiaDesencantos, 1861.Tu, só tu, puro amor, 1881.PoesiaCrisálidas, 1864.Falenas, 1870.Americanas, 1875.Poesias completas, 1901.RomanceRessurreição, 1872.A mão e a luva, 1874.Helena, 1876.Iaiá Garcia, 1878.Memórias Póstumas de Brás Cubas, 1881.Quincas Borba, 1891.Dom Casmurro, 1899.Esaú Jacó, 1904.Memorial de Aires, 1908.
Conto:Contos Fluminenses,1870.Histórias da meia-noite, 1873.Papéis avulsos, 1882.Histórias sem data, 1884.Várias histórias, 1896.Páginas recolhidas, 1899.Relíquias de casa velha, 1906.TeatroQueda que as mulheres têm para os tolos, 1861Desencantos, 1861Hoje avental, amanhã luva, 1861.O caminho da porta, 1862.O protocolo, 1862.Quase ministro, 1863.Os deuses de casaca, 1865.Tu, só tu, puro amor, 1881.

fonte:www.acordacultura.org.br

terça-feira, 10 de março de 2009


Queremos um mundo onde o fato de ser mulher, negra, indígena, lésbica, jovem, idosa ou com deficiência seja apenas um elemento da diversidade e corresponda ao direito à diferença, e não motivo para preconceito ou desigualdade.

Constituímos mais da metade da humanidade, damos a vida, trabalhamos, amamos, criamos, militamos, nos divertimos. Garantimos atualmente a maior parte das tarefas essenciais para a vida e a continuidade da humanidade, no entanto, nessa sociedade continuamos sendo oprimidas.

O descaso com a saúde da mulher, faz do Rio Grande do Sul, portador do triste título de campeão nacional em mortalidade.
Queremos políticas públicas para as mulheres. A democracia se exerce se há liberdade e igualdade.
fonte:MMM

MULHERÃO

Peça para um homem descrever um mulherão. Ele imediatamente vai falar no tamanho dos seios, na medida da cintura, no volume dos lábios, nas pernas, bumbum e cor dos olhos. Ou vai dizer que mulherão tem que ser loira, 1,80m, siliconada, sorriso colgate. Mulherões, dentro deste conceito, não existem muitas. Agora pergunte para uma mulher o que ela considera um mulherão e você vai descobrir que tem uma em cada esquina. Mulherão é aquela que pega dois ônibus para ir para o trabalho e mais dois para voltar, e quando chega em casa encontra um tanque lotado de roupa e uma família morta de fome. Mulherão é aquela que vai de madrugada pra fila garantir matrícula na escola e aquela aposentada que passa horas em pé na fila do banco pra buscar uma pensão de 200 reais. Mulherão é a empresária que administra dezenas de funcionários de segunda a sexta, e uma família todos os dias da semana. Mulherão é quem volta do supermercado segurando várias sacolas depois de ter pesquisado preços e feito malabarismo com o orçamento. Mulherão é aquela que se depila, que passa cremes, que se maquia, que faz dieta, que malha, que usa salto alto, meia-calça, ajeita o cabelo e se perfuma, mesmo sem nenhum convite para ser capa de revista. Mulherão é quem leva os filhos na escola, busca os filhos na escola, leva os filhos pra natação, busca os filhos na natação, leva os filhos pra cama, conta histórias, dá um beijo e apaga a luz. Mulherão é aquela mãe de adolescente que não dorme enquanto ele não chega, e que de manhã bem cedo já está de pé, esquentando o leite. Mulherão é quem leciona em troca de um salário mínimo, é quem faz serviços voluntários, é quem colhe uva, é quem opera pacientes, é quem lava roupa pra fora, é quem bota a mesa, cozinha o feijão e à tarde trabalha atrás de um balcão. Mulherão é quem cria filhos sozinha, quem dá expediente de 8 horas e enfrenta menopausa, TPM e menstruação. Mulherão é quem arruma os armários, coloca flores nos vasos, fecha a cortina para o sol não desbotar os móveis, mantém a geladeira cheia e os cinzeiros vazios. Mulherão é quem sabe onde cada coisa está, o que cada filho sente e qual o melhor remédio pra azia.
Longa vida às mulheres lindas de morrer, mas mulherão é quem mata um leão por dia.
Autora: Martha Medeiros