segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Àfrica berço da humanidade

Moro na cidade mais humana, só que o humanismo praticado aqui é o mesmo que venho vendo ao longo de séculos, onde nós negros ainda somos excluídos sob diversas formas, seja pelo não cumprimento da leis, seja pela intolerância, falta de oportunidade e de diálogo.

A cada novo ano, a cada 20 de novembro, renovo minha esperança de um mundo melhor, de uma sociedade solidária, pacífica, onde todos tenham valorizado o seu potencial como cidadãos e que as diversas etnias que aqui residem sirvam para se respeitar e celebrar cada vez mais a diversidade.

Infelizmente o que presenciei ao longo de anos e ainda agora nesta semana da consciência negra tenho presenciado, sentido, visto é um grande descaso pela minha cultura, a cultura negra, isto que o ano de 2011 é o ano internacional para descendentes de africanos, o município deveria estar comprometido em promover o respeito à diversidade e se empenhar cada vez mais para assegurar a integração dos afrodescendentes em todos os segmentos da sociedade.

Desde o início da organização da semana da consciência negra de Esteio, onde estavam presente, representante do governo municipal, movimento negro, sociedade civil, o sentimento era de união, de integração, de combate ao racismo e ao preconceito, posso até parecer ingênua, mas sei muito bem dos diversos interesses, promoção, sempre disse e digo o povo negro é um povo pacífico, mas nunca foi passivo, somos guerreiros, corajosos e valorosos, meus ancestrais construíram, com muito sangue e suor a riqueza deste país e agora o que vejo é muita lei sendo discutida em gabinetes, a resistência de dar formação aos professores para que efetivamente as leis sejam cumpridas, a dificuldade de se conseguir equipamentos básicos para realizar as ações que nos propusemos a fazer, a falta de verba, pois a semana da consciência negra e a lei federal que diz ser obrigatório o ensino da história da África e dos descendentes de africanos ainda não foram aprovadas como leis do município de Esteio. Basta! Não posso me calar diante de tanto desrespeito para comigo e para com o meu povo preto, não posso mais aceitar que fiquem colocando os movimentos sociais uns contra os outros, a fim de desmobilizar o pouco que ainda conseguimos fazer, não quero mais ver este município marcar a parada livre no dia da consciência negra, pareceu-me que foi para nos colocar em conflito pois o dia 20 de novembro é uma data nacional conquistada pelo Movimento Negro, para reflexão e louvação ao nosso grande herói, de negros, índios e brancos, pois nos quilombos não residiam somente negros, mas todos aqueles que a sociedade excluía, e Zumbi, nosso símbolo de luta e resistência nos deixou esse legado, de continuar a luta, de levar adiante seus ideais, hoje (21-11) quando cheguei na Casa de Cultura Lufredina Araújo Gaya em Esteio, às 19h, o que fui recebida pelo secretário de cultura, que nos indicou o auditório para assistir o teatro conforme publicado na página: http://www.esteio.rs.gov.br/, tive uma infeliz surpresa,

1º - O horário divulgado estava errado, o espetáculo não era às 19h e sim às 20h.

2º - O espetáculo era gratuito e não como constava na página de que era R$ 5,00.

3º - Não houve divulgação do evento, tendo em vista que nem todos os moradores de Esteio tem computador e muitos mesmo tendo computador não tem acesso à internet.

4º - Se o município estivesse mesmo comprometido em aplicar a Lei 10639-03, o público alvo deveria ser estudantes e professores, pois acredito que a educação é que vai fazer as mudanças necessárias para erradicar a discriminação e promover o respeito à diversidade e heranças culturais.

Assisti ao espetáculo com um público de 7 pessoas, garanto que foi emocionante, os atores altamente qualificados e o tema abordado na peça “Sorriso Negro” precisa ser visto, debatido por toda a sociedade esteiense. Espero sinceramente voltar a assistir este espetáculo com aquela casa lotada, ainda neste ano de 2011, Ano Internacional para Descendentes de Africanos e a Àfrica é o berço da humanidade.

2012 é ano eleitoral e eu não quero que os meus irmãos negros sejam vistos somente como eleitores, mas sim como cidadãos, merecedores de dignidade, de oportunidades.

Fica aqui para reflexão a frase de Martin Luter King:

“O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Sindisindi/RS realiza debate sobre o trabalhador negro no Rio Grande do Sul


Na Semana da Consciência Negra, o Sindisindi/RS promove um bate-papo com o tema O trabalhador negro no Rio Grande do Sul: ontem e hoje. Será dia 17 de novembro, quinta-feira, às 18h30min, no auditório do Sindipolo (Av. Júlio de Castilhos, 596, Centro de Porto Alegre).
Quem conduzirá a conversa será Jorge Euzébio Assumpção, mestre em História, atua na Secretaria Estadual da Educação, na Sociedade Educacional Leonardo da Vinci (Iergs) e é professor dos cursos de graduação e pós-graduação da Faculdade Porto-Alegrense (Fapa). Sua principal área de pesquisa é Escravidão, nos seguintes temas: resistência, África, charqueada, negro e Rio Grande do Sul. Com uma vasta produção acadêmica, Euzébio Assumpção tem publicados diversos livros e artigos e faz parte do corpo editorial da revista História & Luta de Classes.
Como podem ver, o evento é imperdível. Contamos com a presença de todos!