segunda-feira, 29 de março de 2010

VAI DEPENDER DE CADA UM DE NÓS... 2

Cabe a nós, sociedade civil, movimentos sociais e entidades de classe, cobrar dos nossos governantes que as leis existentes no Brasil sejam colocadas em prática saiam dos gabinetes, das pastas e que comecem a ser efetivamente executadas. Se existe estatuto das pessoas com deficiência, estatuto do idoso, estatuto da criança e do adolescente, estatuto da igualdade racial é porque não está sendo cumprido o que prevê a Constituição Federal, de que somos todos iguais, com direitos e deveres iguais perante a lei. Temos sempre que lembrar que ser diferente não significa ser inferior. A frase de Boaventura de Souza Santos, “O universalismo que queremos hoje é aquele que tenha como ponto em comum a dignidade humana. A partir daí, surgem muitas diferenças que devem ser respeitadas. Temos direito de ser iguais quando a diferença nos inferioriza e direito de ser diferentes quando a igualdade nos descaracteriza”, nos faz refletir e constatar que o DNA responsável por tantas semelhanças entre os seres vivos é também aquele que nos torna tão diferentes e individuais.
Queremos um mundo, onde a integridade, a diversidade, os direitos e liberdades são respeitados.
É necessário despertar a consciência cidadã que nos permita rechaçar e coibir não só a violência física, mas toda forma de violência, social, racial, psicológica, religiosa e de gênero.
É urgente e necessário que todas as pessoas somem esforços e assumam a responsabilidade de mudar o mundo injusto, violento e insustentável em que vivemos.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Carta de Repudio

Nós, Conselheiras e Conselheiros do Conselho Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial - CNPIR vimos através desta, repudiar a opinião expressada pelo excelentíssimo senador da república sr. Demóstenes Torres, Presidente da Comissão de Constituição Justiça e Cidadania do Senado Federal, no seu pronunciamento durante a Audiência Pública no Supremo Tribunal Federal do Brasil (STF), no dia 03 de Março de 2010, que analisava o recurso instituído pelo Partido Democratas contra as Cotas para Negros na Universidade de Brasília.Na oportunidade o mesmo afirmou que: as mulheres negras não foram vítimas dos abusos sexuais, dos estupros cometidos pelos Senhores de Escravos e, que houve sim consentimento por parte destas mulheres. Na sua opinião: Tudo era consensual!. O excelentíssimo senador da república Demóstenes Torres, continua sua fala descartando a possibilidade da violência física e sexual vivida por negras africanas neste período supracitado. Relembra-nos a frase: Estupra, mas não mata!!!.O excelentíssimo senador Demóstenes aprofunda mais ainda seu discurso machista e racista, quando afirma que as mulheres negras usam de um discurso vitimizado ao afirmarem que são as vítimas diretas dos maus tratos e discriminações no que se refere ao atendimento destas na saúde pública. Que as pesquisas apresentadas para justificar a necessidade de políticas públicas específicas, são duvidosas e que nem sempre são confiáveis, pois podem ser burladas e conter números falsos.Enquanto o estado brasileiro reconhece a situação de violência física e sexual sofrida pelas mulheres brasileiras, criando mecanismos de proteção como a Lei Maria da Penha, quando neste ano comemoramos 100 anos do Dia Internacional da Mulher, o excelentíssimo senador, vem na contramão da história e dos fatos expressando o mais refinado preconceito, machismo e racismo incrustado na sociedade brasileira.Por isso, vimos através desta carta ao Povo Brasileiro repudiar a atitude do excelentíssimo senador Demóstenes Torres. Ao tempo em que resgatamos a dignidade das mulheres negras e indígenas, que durante a formação desta grande nação, foram SIM abusadas, foram SIM estupradas, foram SIM torturadas, foram SIM violentadas em seu físico e sua dignidade. Aos filhos dos seus algozes, o leite do seu peito, aos seus filhos, o chicote. Não nos curvaremos ao discurso machista e racista do Senador! É inaceitável, que o pensamento dos Senhores de Engenho se expresse em atitudes no Parlamento Brasileiro. Brasília, 05 de Março de 2010.
Postado por Cleber Candido de Deus
http://luta-racial.blogspot.com/

quinta-feira, 18 de março de 2010

21 de março, Dia Internacional Contra a Discriminação Racial


O que é discriminação racial?
A Convenção Internacional para a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial da ONU, ratificada pelo Brasil, diz que:
"Discriminação Racial significa qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada na raça, cor, ascendência, origem étnica ou nacional com a finalidade ou o efeito de impedir ou dificultar o reconhecimento e/ou exercício, em bases de igualdade, aos direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou qualquer outra área da vida pública" Art. 1.

Os poemas de Geni Guimarães reforçam o pedido de justiça.

“Não sou racista.
Sou doída, é verdade,
tenho choros, confesso.
Não vos alerto por represália
nem vos cobro meus direitos por vingança.
Só quero,
banir de nossos peitos
esta gosma hereditária e triste
que muito me magoa
e tanto te envergonha.”

Os versos abaixo denunciam a elite, que enquanto segura a taça de uísque,
em um gesto de aparente delicadeza, aponta a porta de saída, num ato de
negação ao direito de socialização do negro.

“Quando me vem oferecer uísque
aproveita o dedo que segura a taça
e me indica a porta, disfarçadamente.
Eu consciente
do direito a festas,
bebo. E não saio.”