sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Eu sou Maria Odete Diogo dos Santos, uma cidadã, negra brasileira.

No Brasil, o racismo se apresenta de forma velada ou não contra judeus, árabes, orientais, indígenas, mas sobretudo contra os negros. No Brasil, onde os negros representam quase metade da população o preconceito e o racismo são temas que necessitam ser debatidos, para só assim construirmos uma sociedade livre dessas calamidades.
A luta do povo negro por condições de igualdade não é tarefa fácil, possui um histórico de avanços e retrocessos. A exploração, a marginalização e o preconceito não foram abolidos, continuam a existir em diversos graus.
O braço negro construiu a riqueza deste país em nossos primeiros séculos de história. Onde isto é dito, onde se aprende a importância da cultura, da contribuição dos negros? Não chegamos ao Brasil como imigrantes, de livre vontade. Séculos de escravidão, açoites e humilhações marcam esta história. Aprendemos na escola a história da Europa. E a África?
Por isso é necessário que a Lei Federal 10.639 de 09 de janeiro de 2003, que tornou obrigatório o ensino da história da África e da cultura afro-brasileira, nas escolas de educação básica e fundamental, públicas e privadas, seja implementada em Esteio e demais cidades do Brasil, pois a inclusão do negro nos livros escolares é o início da desmitificação da “Democracia Racial”, é tornar público a luta dos negros, e a importância de sua participação na construção da sociedade brasileira, bem como sua valorização como negros-brasileiros. Após cinco anos da sanção da lei, é necessário que façamos uma reflexão sobre a questão étnico-racial e a não- aplicação da lei no planejamento escolar, pois são muitas as deficiências percebidas, que impedem sua implementação, desde a desatualização de livros didáticos, falta de formação, capacitação e conhecimento da história e da cultura africana pelos educadores, até a omissão do estado brasileiro em não fazer cumprir verdadeiramente a lei.
É preciso ver na diversidade o valor da humanidade, não queremos mais lamentar as exclusões e discriminações sofridas.
Pensar no futuro é pensar na raça humana. É querer as mesmas oportunidades para todos. É colocar em prática as leis, é respeitar os direitos humanos, e acima de tudo, enxergar os negros brasileiros como cidadãos brasileiros.
Os mitos que ao longo da história nos foram incutidos devem ser discutidos e enfrentados, a fim de que possamos desatar alguns nós. Ainda é comum ouvirmos expressões como “cabelo ruim”, “fede como negro”, “negro de alma branca”.
Estamos aqui para dizer “basta”, não aceitamos racismo dissimulado, disfarçado em elogio.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

CENTENÁRIO DE NASCIMENTO - SOLANO TRINDADE

Quem foi Solano Trindade?
Solano Trindade era poeta, pintor, teatrólogo, ator e folclorista. Nasceu no dia 24 de julho de 1908, no bairro de São José, no Recife, capital de Pernambuco. Além de grande poeta negro, Solano foi um lutador, defensor incansável da liberdade. Um de seus poemas mais conhecidos, "Tem Gente com Fome", foi musicado em 1975 pelo grupo Secos & Molhados. A música foi proibida pela censura, sendo resgatada e gravada em 1980 por Ney Matogrosso, no álbum "Seu Tipo". Mas, por causa desta música, em 1944, Solano foi preso e teve o livro "Poemas de uma Vida Simples" apreendido.


CONVERSA

- Eita negro!quem foi que disseque a gente não é gente?quem foi esse demente,se tem olhos não vê...

- Que foi que fizeste manopra tanto falar assim?- Plantei os canaviais do nordeste

- E tu, mano, o que fizeste?Eu plantei algodãonos campos do sulpros homens de sangue azul que pagavam o meu trabalho com surra de cipó-pau.- Basta, mano, pra eu não chorar,E tu, Ana,Conta-me tua vida,Na senzala, no terreiro

- Eu...cantei embolada, pra sinhá dormir, fiz tranças nela, pra sinhá sair,
tomando cachaça, servi de amor,dancei no terreiro,pra sinhozinho,apanhei surras grandes, sem mal eu fazer. Eita! quanta coisatu tens pra contar...não conta mais nada, pra eu não chorar -

E tu, Manoel,que andaste a fazer- Eu sempre fui malandroÓ tia Maria,gostava de terreiro,como ninguém, subi para o morro,fiz sambas bonitos,conquistei as mulatasbonitas de lá...

Eita negro!- Quem foi que disseque a gente não é gente?Quem foi esse demente,se tem olhos não vê.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Consciência Negra

As questões étnicas e raciais devem ser vistas de forma a desmistificar a democracia racial, e tornar público a luta dos negros, e a importância de sua participação na construção da sociedade brasileira, bem como sua valorização como afro-descendente.
Queremos ser agentes de transformação, contribuindo para a elaboração de uma sociedade fundada em valores de justiça e solidariedade, onde a presença e a contribuição do negro seja acolhida como um bem.
É nesse sentido que a contribuição negra precisa se dizer forte, precisa se dizer completa, não só porque queremos ser iguais, mas porque também queremos o desigual, porque queremos acolher a diferença. A grandeza da existência humana é poder trabalhar com a pluralidade, é poder compreender nas diferenças o conjunto da igualdade humana.
A Semana da Consciência Negra é uma boa oportunidade para celebrarmos a diversidade como fundamento e valor da humanidade.
Zumbi é hoje, para a população brasileira, um símbolo de resistência. 20 de novembro, data de sua morte foi adotada como o dia da Consciência Negra, o dia tem um significado especial para nós, negros brasileiros, que reverenciamos Zumbi como nosso herói que lutou pela liberdade e como um símbolo de liberdade.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Incoerência do TRT


A luta do povo negro por condições de igualdade não é tarefa fácil, possui um histórico de avanços e retrocessos. A exploração, a marginalização e o preconceito não foram abolidos, continuam a existir sob formas distintas. Um exemplo disso é a charge publicada na edição nº 45 do jornal Em Pauta do TRT 4ª Região.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Luta escrava no Brasil é tema de livro

A editora Expressão Popular lançou, recentemente, o livro Em busca da liberdade - traços das lutas escravas no Brasil, de Emilio Gennari.

“Este novo livro de Emilio Gennari traz à tona o velho sonho de todos os oprimidos do mundo de todas as épocas: a liberdade das garras da opressão. E, junto com o sonho, as lutas travadas em busca da liberdade”.

Mais informações em www.expressaopopular.com.br

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Criação da Secretaria de Combate ao Racismo fortalece a luta sindical

Realizada entre os dias 5 e 8 de agosto, no hotel Holiday Inn Anhembi, na cidade de São Paulo, a 12ª Plenária Nacional da CUT contou com delegação de todas as regiões do Brasil para debater e definir estratégias e ações da Central para o próximo período. Nessa Plenária foi aprovada a criação da Secretaria Nacional de Combate ao Racismo da CUT, proposta que fortalecerá a organização sindical cutista e o movimento negro brasileiro.

A Comissão Nacional Contra a Discriminação Racial da CUT (CNCDR/CUT), foi criada em 1992 com o objetivo de elaborar políticas de combate ao racismo para o movimento sindical, e de fortalecimento, junto aos demais movimentos e organizações, da luta anti-racial e pela conquista de direitos no Brasil.

Sabemos que essas lutas não são tarefas fáceis, possuem um histórico de avanços e retrocessos. A formação social brasileira foi profundamente marcada pela subordinação a um determinado desenvolvimento econômico que explorou riquezas e povos. A escravização do povo africano, o extermínio de povos indígenas e acumulação de riquezas nas mãos de poucos foram as marcas desse processo. Depois de formalmente abolida a escravidão no Brasil, a exploração, a marginalização e o preconceito não foram abolidos, continuaram a existir sob formas distintas.

Desde os quilombos, passando por inúmeras revoltas populares até as diversas organizações do movimento negro e sindical a luta foi travada arduamente. Fruto dessa luta histórica, nos últimos anos foi produzido um debate fecundo e importantes iniciativas foram colocadas em práticas para atenuar essas mazelas. O avanço desse processo dependerá da capacidade de luta que o movimento negro imprimir.

De nossa parte, acreditamos que demos um passo importante nesse sentido, que foi a criação da Secretaria de Combate ao Racismo da CUT. Não se trata apenas de uma medida administrativa, sua criação é fruto do acúmulo de milhares de militantes que se dedicaram, no interior da CUT e do movimento sindical, a pautarem as questões étnicas e raciais na luta da classe trabalhadora. Essa atual conquista não se daria sem a valiosa contribuição de todos e todas que construíram a CNCDR ao longo desses anos.

Até o próximo Congresso da CUT nossa tarefa é acumular ainda mais para que a Secretaria seja um espaço plural e democrático para os desafios futuros. Nesse sentido, é fundamental aprofundarmos os debates sobre a questão do Estatuto da Igualdade Racial e das Convenções 100 e 111 da OIT – cuja cartilha já está em processo de finalização, além de prosseguirmos com as demais ações aprovadas no Seminário Nacional de Salvador.

A luta do povo negro, se pautando pela devida relação entre as questões específicas do movimento com as lutas gerais da classe trabalhadora fortalecerá ainda mais o movimento sindical brasileiro e criará as condições de igualdade étnica e racial que tanto defendemos. Um passo dado, mas nossa marcha continua.

Marcos Benedito

Coordenador Nacional da CNCDR – Comissão Nacional Contra a Discriminação Racial da CUT

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Volkswagen indenizará empregado ofendido em e-mail com teor racista e vexatório




Um ex-empregado da Volkswagen do Brasil foi ofendido pelo supervisor hierárquico que lhe enviou um e-mail com palavras humilhantes de teor racista. "O que se extrai de tamanha aberração verbalizada é o total e pleno desrespeito deste supervisor pelo autor na esfera profissional e pessoal, pois promove ofensa em razão da cor da pele como também da própria condição humana", afirmou o juiz Carlos Alberto Oliveira Senna, da 12ª Vara do Trabalho de Brasília.

A sentença condenou a empresa a pagar R$ 268.348 a Estênio Tibério Pereira da Costa, que trabalhou durante cerca de seis anos na empresa, na condição de analista, nas unidades em Brasília e Goiânia.

A prova documental revela que o empregado recebeu um e-mail ofensivo. Uma das passagens do texto continha duas frases candentes: “OK Sr. Estênio, pelo tipo de pele entendo a sua colocação. Este é um fato típico da senzala!!!! Nós que somos de cútis mais clara não compreendemos certas considerações até porque não possuímos correntes atadas aos pés ou sofremos qualquer tipo de chibatadas quando ocorremos em fatos errados, o que não é normal, para nós humanos”.

Conforme a sentença, "tamanha aberração verbalizada é o total e pleno desrespeito do supervisor pelo autor na esfera profissional e pessoal, pois promove ofensa em razão da cor da pele como também da própria condição humana que não deteria, refletindo portanto, ato absurdamente preconceituoso, racista, ofensivo, vexatório e humilhante que carece da mais alta repugnância pela sociedade e muito mais pelo Poder Judiciário".

O magistrado ressaltou que o ato foi preconceituoso, racista, ofensivo, vexatório e humilhante, digno da "mais alta repugnância pela sociedade e muito mais pelo Poder Judiciário, a quem compete o resguardo dos princípios sociais, carecendo, assim, da reparação indenizatória ordenada por lei".

O julgado rejeitou os argumentos da empresa de que não teria responsabilidade sobre os atos praticados pelo supervisor (Alberto de Jesus Costa).

Na sentença, o juiz afirma que o comando diretivo, organizacional e disciplinar do empregador implica na obrigação de fiscalizar o ambiente de trabalho e o respeito funcional entre os trabalhadores que estão sob o seu comando. "Face à gravidade dos fatos verificados no julgado", o magistrado determinou que se oficie ao Ministério Público Federal e ao Ministério Público do Trabalho para os devidos fins de direito, porém, após o trânsito em julgado da decisão e caso confirmada.

Cabe recurso ordinário. O advogado Aquiles Rodrigues de Oliveira atua em nome do reclamante. (Proc. nº 012.0058.2008 - com informações do TRT-10).








fonte: Espaço Vital.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

AGOSTO

01 - Independência do Benin, África/ 1975
03 - Independência do Níger, África / 1960
07 - Independência da Jamaica / 1962
07 - Independência da Costa do Marfim / 1960
08 - Em Lagos (atual Nigéria) é registrado o primeiro ato de escravidão, por Portugal / 1444
10 - Morre o padre Batista, um dos fundadores do Instituto do Negro e dos Agentes de Pastoral Negros / 1991
12 - É publicado o manifesto dos conjurados baianos da Revolta dos Alfaiates, protestando contra os impostos, a escravidão dos negros e exigindo independência e liberdade / 1798
14 - Morre a Ialorixá Mãe Menininha do Gantois / 1986
15 - Independência do Congo, África / 1960
17 - Nascimento do pan-africanista Marcus Garvey / 1887
19 - Independência do Gabão / 1960
23 - Nascimento de José Correia Leite, fundador do jornal O Clarim da Alvorada / 1900
24 - Primeiro Congresso de Cultura Negra das Américas, na Colômbia / 1977
24 - Morte do abolicionista Luís Gama / 1882
28 - Primeira Marcha de Negros sobre Washington, em favor dos direitos civis, EUA / 1963
29 - Nascimento de Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, escultor, entalhador e arquiteto

Política é um instrumento poderoso para a transformação social do país e do mundo, e está presente em todos os relacionamentos humanos. Por isso temos que resgatar a credibilidade dos políticos e buscar a participação da sociedade nas decisões políticas e coletivas.

Os maus políticos devem ser rejeitados, a sociedade brasileira precisa de representantes responsáveis, comprometidos com a democracia, cumpridores dos compromissos assumidos durante a campanha, e que acima de tudo sejam éticos.

domingo, 4 de maio de 2008

Maio


01 - Dia Mundial do Trabalhador
03 - Nascimento do geógrafo Milton Santos, que revolucionou a Geografia, dando-lhe um enfoque humanista
13 - Dia Nacional de Denúncia contra o Racismo
13 - Nascimento do escritor pré-modernista Lima Barreto / 1881
13 - Dia dos Pretos Velhos
13 - Abolição da escravatura no Brasil / 1888
18 - Criação do Conselho Nacional de Mulheres Negras, no Rio de Janeiro / 1950
23 - Nascimento do poeta Carlos de Assumpção, autor do célebre poema Protesto
25 - Criação da Organização da Unidade Africana - OUA / 1963
25 - Dia da Libertação da África, promovido pela ONU / 1972

13 de maio - Dia dos Pretos Velhos

Os Pretos-Velhos representam a força, a resignação, a sabedoria, o amor e a caridade. Com seus cachimbos, fala pousada, tranqüilidade nos gestos, eles escutam e ajudam àqueles que necessitam, independente de sua cor, idade, sexo e religião.

PROTESTO


Mesmo que voltem as costas
Às minhas palavras de fogo
Não pararei de gritar
Não pararei
Não pararei de gritar
Senhores
Eu fui enviado ao mundo
Para protestar
Mentiras ouropéis nada
Nada me fará calar

Senhores
Atrás do muro da noite
Sem que ninguém o perceba
Muitos dos meus ancestrais
Já mortos há muito tempo
Reúnem-se em minha casa
E nos pomos a conversar
Sobre coisas amargas
Sobre grilhões e correntes
Que no passado eram visíveis
Sobre grilhões e correntes
Que no presente são invisíveis
Invisíveis mas existentes
Nos braços no pensamento
Nos passos nos sonhos na vida
De cada um dos que vivem
Juntos comigo enjeitados da Pátria

Senhores
O sangue dos meus avós
Que corre nas minhas veias
São gritos de rebeldia
Um dia talvez alguém perguntará
Comovido ante meu sofrimento
Quem é que está gritando
Quem é que lamenta assim
Quem é

E eu responderei
Sou eu irmão
Irmão tu me desconheces
Sou eu aquele que se tornara
Vítima dos homens
Sou eu aquele que sendo homem
Foi vendido pelos homens
Em leilões em praça pública
Que foi vendido ou trocado
Como instrumento qualquer
Sou eu aquele que plantou
Os canaviais e cafezais
E os regou com suor e sangue
Aquele que sustentou
Sobre os ombros negros e fortes
O progresso do país
O que sofrera mil torturas
O que chorara inutilmente
O que dera tudo o que tinha
E hoje em dia não tem nada
Mas hoje grito não é
Pelo que já se passou
Que se passou é passado
Meu coração já perdoou
Hoje grito meu irmão
É porque depois de tudo
A justiça não chegou
Sou eu quem grita sou eu
O enganado no passado
Preterido no presente
Sou eu quem grita sou eu
Sou eu meu irmão aquele
Que viveu na prisão
Que trabalhou na prisão
Que sofreu na prisão
Para que fosse construído
O alicerce da nação
O alicerce da nação
Tem as pedras dos meus braços
Tem a cal das minhas lágrimas
Por isso a nação é triste
É muito grande mas triste
E entre tanta gente triste
Irmão sou eu o mais triste
A minha história é contada
Com tintas de amargura

Um dia sob ovações e rosas de alegria
Jogaram-me de repente
Da prisão em que me achava
Para uma prisão mais ampla
Foi um cavalo de Tróia
A liberdade que me deram
Havia serpentes futuras
Sob o manto do entusiasmo
Um dia jogaram-me de repente
Como bagaços de cana
Como palhas de café
Como coisa imprestável
Que não servia mais pra nada
Um dia jogaram-me de repente
Nas sarjetas da rua do desamparo
Sob ovações e rosas de alegria

Sempre sonhara com a liberdade
Mas a liberdade que me deram
Foi mais ilusão que liberdade

Irmão sou eu quem grita
Eu tenho fortes razões
Irmão sou eu quem grita
Tenho mais necessidade
De gritar que de respirar

Mas irmão fica sabendo
Piedade não é o que eu quero
Piedade não me interessa
Os fracos pedem piedade
Eu quero coisa melhor
Eu não quero mais viver
No porão da sociedade
Não quero ser marginal
Quero entrar em toda parte
Quero ser bem recebido
Basta de humilhações
Minha alma já está cansada
Eu quero o sol que é de todos
Quero a vida que é de todos
Ou alcanço tudo o que eu quero
Ou gritarei a noite inteira
Como gritam os vulcões
Como gritam os vendavais
Como grita o mar
E nem a morte terá força
Para me fazer calar

(Carlos de Assumpção)
Lima Barreto (1881-1922)

Afonso Henrique de Lima Barreto nasceu no Rio de Janeiro, em 13 de maio de 1881, filho de um tipógrafo e de uma professora, ambos mulatos. Optou inicialmente pela carreira de engenheiro, mas teve que abandonar o curso em 1902, para assumir a chefia e o sustento da família – órfão de mãe desde os sete anos, naquele ano via seu pai desenvolver uma enfermidade mental. A família mudou-se então para o subúrbio do Engenho de Dentro.
Trabalhou como amanuense concursado na Secretaria de Guerra, o que lhe deu relativa estabilidade financeira. Foi neste período que começou a escrever na imprensa carioca, colaborando com o Correio da Manhã, Jornal do Commercio, Gazeta da Tarde e Fon- Fon.
Funcionário público, cronista e romancista, Lima Barreto viveu intensamente sua condição de pobre e mestiço na sociedade carioca. Na secretaria onde trabalhou, sempre foi preterido em função de sua participação no julgamento que condenou militares, envolvidos no assassinato de uma estudante. Era vítima de preconceitos e experimentou todas as contradições do início do século, entregando-se à depressão e ao álcool. Esteve duas vezes internado no Hospício Nacional devido à bebida, em 1914 e 1919.
Lima Barreto foi visto pela crítica como sucessor de Machado de Assis. Pioneiro do romance social, sua obra é uma crônica autêntica dos subúrbios cariocas, retratando de um lado sua população pobre e oprimida e, de outro, o universo simbólico da classe dominante.Consciente de sua condição, refletia em suas obras o preconceito racial, a pobreza, a truculência militar e a hipocrisia que cercavam as relações da sociedade republicana no início do século. Candidatou-se à Academia Brasileira de Letras sem sucesso. Na primeira vez, seu pedido não foi sequer considerado. Na segunda, não conseguiu ser eleito. Posteriormente, recebeu menção honrosa da Academia, pela publicação da obra Vida e morte de M. J. Gonzaga de Sá, em 1919.
Militou na imprensa socialista, publicando um manifesto em defesa do comunismo no semanário alternativo ABC. Entre suas principais obras estão Recordações do Escrivão Isaías Caminha (1909), Triste Fim de Policarpo Quaresma (1915) e Clara do Anjos, esta publicada postumamente, em 1948.
Foi aposentado em dezembro de 1918, em função de sua doença. Mudou-se com a família para Todos os Santos, onde morou até morrer de colapso cardíaco, em 1° de novembro de 1922.
Em 1956, sob a direção de Francisco de Assis Barbosa, com a colaboração de Antônio Houaiss e M. Cavalcanti Proença, toda a obra de Lima Barreto foi publicada em 17 volumes. Nas décadas seguintes, seus livros foram traduzidos para o inglês, francês, russo, espanhol, tcheco, japonês e alemão, e foram tema de teses de doutorado nos Estados Unidos e na Alemanha.
Para saber mais:www.cervantesvirtual.com/portal/FBN/biografias/lima_barreto/index.shtml Lopes, Nei. Enciclopédia Brasileira da Diáspora africana. SP: Selo Negro, 2004Resende, Beatriz. Lima Barreto e o Rio de Janeiro em fragmentos. R.J./S.P.,Editora UFRJ/Editora UNICAMP, 1993
Referências bibliográficas:
Prado, Antônio Arnoni. Lima Barreto: Literatura Comentada. Nova Cultural, 1988
Obras do autor:
RomancesRecordações do escrivão Isaías Caminha (1909); Triste fim de Policarpo Quaresma (1915); Numa e a ninfa (1915); Vida e morte de M. J. Gonzaga de Sá (1919); Clara dos Anjos (1948).
SátiraOs bruzundangas (1923); Coisas do Reino do Jambom (1953).
ContoHistórias e sonhos (1920); Outras histórias e Contos argelinos (1952).
Artigos e crônicasBagatelas (1923); Feiras e mafuás (1953); Marginália 1953; Vida urbana (1953).
OutrosDiário íntimo (memória) (1953); O cemitério dos vivos (memória) (1953); Impressões de leitura (crítica) (1956); Correspondência ativa e passiva (1956).
Intérprete: Joel Rufino - RJ
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Milton Santos (1926-2001)

Milton Santos é considerado o maior geógrafo brasileiro. Recebeu mais de 20 títulos de doutor honoris causa, escreveu mais de 40 livros e cerca de 300 artigos científicos. Lecionou nas mais conceituadas universidades da Europa e das Américas e foi o único estudioso fora do mundo anglo-saxão a receber a mais alta premiação internacional em sua especialidade, o Prêmio Vautrin Lud (1994), considerado o Nobel da Geografia. Milton Santos também foi o primeiro negro a obter o título de professor-emérito da Universidade de São Paulo.
Acompanhou o presidente Jânio Quadros em viagem a Cuba, como jornalista, e foi nomeado representante da Casa Civil na Bahia. Na época do golpe de 64, foi despedido da Universidade Federal da Bahia e passou três meses preso em um quartel de Salvador. As agressões físicas sofridas na ocasião quase lhe custaram um olho. Só foi libertado após um princípio de infarto.
Em exílio voluntário, partiu para o exterior a convite de amigos franceses. Por 13 anos lecionou na França, Canadá, Reino Unido, Peru, Venezuela, Tanzânia e Estados Unidos. Retornou ao Brasil em 1977.
Milton foi consultor da Organização das Nações Unidas, da Unesco, da Organização Internacional do Trabalho e da Organização dos Estados Americanos. Também foi consultor em várias áreas junto aos governos da Argélia, Guiné-Bissau e Venezuela. Fez pesquisas e conferências em mais de 20 países, como Japão, México, Índia, Tunísia, Benin, Gana, Espanha e Cuba, entre outros.
Esquerdista convicto, criticava o caráter desumano das práticas globalizantes do capitalismo. Afirmava que o mercado não resolve tudo e via na população pobre o ator social capaz de promover uma outra globalização, fundamentada em princípios mais solidários.
Consciente da situação do negro na sociedade brasileira, analisava com acuidade quando dizia: “tenho instrução superior, creio ser personalidade forte, mas não sou um cidadão integral deste país. O meu caso é como o de todos os negros brasileiros, exceto quando apontado como exceção. E ser apontado como exceção, além de ser constrangedor para aquele que o é, constitui algo de momentâneo, impermanente, resultado de uma integração casual."
Morreu aos 75 anos, no dia 24 de junho de 2001, na cidade de São Paulo, em decorrência de um câncer de próstata diagnosticado em 1994. Seu último livro, escrito com a professora Maria Laura Silveira, foi publicado em 2001 com o título de O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. Na ocasião do lançamento, Milton afirmou que considerava essa obra a síntese de suas idéias.
Para saber mais:www.campinas.sp.gov.br/portal_milton_santos
Referências bibliográficas
Algumas obras de Milton Santos:
O povoamento da Bahia: suas causas econômicas, Imprensa Oficial da Bahia, Salvador/BA, 1948. Os estudos regionais e o futuro da geografia, Imprensa Oficial da Bahia, Salvador/BA, 1953. A cidade nos países subdesenvolvidos, Ed. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1965. Por uma geografia nova, HUCITEC-EDUSP, São Paulo, 1978 (5ª edição: 1996). O trabalho do geógrafo no Terceiro Mundo, HUCITEC, AGB, São Paulo, 1978 (4ª edição: 1996).A pobreza urbana, Coleção Estudos Urbanos, HUCITEC-UFPE, São Paulo, 1978 (2ª edição: 1979). O espaço dividido, Livraria Editora Francisco Alves, Rio de Janeiro, 1978. Economia espacial: críticas e alternativas, HUCITEC, São Paulo, 1978. Espaço e sociedade. Editora Vozes, Petrópolis, 1979 (2ª edição: 1982). A urbanização desigual, Editora Vozes, Petrópolis, 1980 (2ª edição: 1982). Manual de geografia urbana, HUCITEC, São Paulo, 1981 (2ª edição: 1989). Pensando o espaço do homem, HUCITEC, São Paulo, 1982, (3ª edição: 1991)Ensaios sobre a urbanização latino-americana, HUCITEC, São Paulo, 1982 (2ª edição : 1986)O Espaço do Cidadão, Nobel, São Paulo, 1987, (3ª edição: 1996, 4ª edição: 1997). Metamorfoses do Espaço Habitado, HUCITEC, São Paulo, 1988, (5ª edição: 1997). Metrópole corporativa fragmentada: o caso de São Paulo, Nobel, São Paulo, 1990. A Urbanização Brasileira, Hucitec, São Paulo, 1993, (3ª edição: 1996). Por uma economia política da Cidade, Hucitec - Editora PUC-SP, São Paulo, 1994. Técnica, Espaço, Tempo: Globalização e meio técnico-científico informacional, Hucitec, São Paulo, 1994. (2ª edição: 1996) A Natureza do Espaço. Técnica e Tempo. Razão e Emoção. Hucitec, São Paulo, 1996. (2ª edição: 1997)
Intérprete: Kabengele- SP
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http://www.acordacultura.org.br

segunda-feira, 28 de abril de 2008

28 de abril
Dia Internacional em Memória às Vítimas de Acidentes e Doenças Relacionados ao Trabalho 2008.
Lutemos pela vida!
informações nos sites:
www.sintrajufe.org.br
www.saude.rs.gov.br

quarta-feira, 23 de abril de 2008

19 de Abril - Dia do Índio

Devemos fazer uma reflexão sobre a importância da preservação dos povos indígenas, da manutenção de suas terras e respeito às suas manifestações culturais. Devemos lembrar também, que os índios já habitavam nosso país quando os portugueses aqui chegaram em 1500. Desde esta data, o que vimos foi o desrespeito e a diminuição das populações indígenas.



"Um provérbio indígena questiona se somente quando for cortada a última árvore,
pescado o último peixe, poluído o último rio,
é que as pessoas vão perceber que não podem comer dinheiro."


Direitos indígenas

O senador Paulo Paim (PT/RS), saudou a presença, em Brasília, durante a semana, de centenas de lideranças indígenas que vieram reivindicar os direitos dos povos indígenas garantidos na Constituição. Ele disse que o movimento organizado desses povos reivindicou um tratamento mais adequado de saúde para os índios, que protestaram contra a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de interromper a retirada dos habitantes não-índios da reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima.

Paim defendeu a imediata aprovação do Estatuto dos Povos Indígenas, que atualiza a convivência entre a sociedade brasileira e os índios. Ele lembrou que essa proposta tramita, há anos, no Congresso Nacional.

Fonte: Alysson Alves, Agência Senado

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Luiz Carlos Amaro

Professor de história, escritor, poeta, militante do Movimento Negro e servidor público aposentado do TRT, faleceu no dia 22 de março de 2008, fica aqui o agradecimento pela sua obra e sua contribuição na luta por uma sociedade mais justa.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Estatuto da Igualdade Racial deve ser aprovado este ano na Câmara, acredita ministro


O trabalho de "convencimento" e "demonstração" aos parlamentares sobre o atual quadro de desigualdades raciais no Brasil e o papel do Estado na redução do problema devem levar à aprovação do Estatuto de Igualdade Racial na Câmara dos Deputados ainda este ano. A expectativa é do ministro da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Edson Santos. "O presidente Lula chamou a atenção de lideranças do movimento negro para a necessidade de união para a aprovação do estatuto. Há necessidade de fazermos uma ação junto aos parlamentares esclarecendo sobre o conteúdo do projeto. Ele contém itens polêmicos como a questão das cotas e das áreas remanescentes de quilombos, que mexe com interesses de terras."

Para Santos, a aprovação do estatuto representaria "um marco na luta contra o racismo". Ele lembra que o Estado brasileiro reconhece a existência do preconceito contra negros no país e também as desigualdades entre diferentes raças. "Existe o Estatuto da Criança e do Adolescente, o Estatuto do Idoso. Nós teremos um conjunto de leis no Brasil que permitirá ao Estado uma ação contra a desigualdade racial. Acredito que, até o final do ano, teremos um ambiente favorável à aprovação do Estatuto na Câmara." A Casa instalou no mês passado a comissão especial encarregada de analisar o projeto. O presidente é o deputado Carlos Santana (PT-RJ) e o relator, Antônio Alberto (PV-MG). Segundo Edson Santos, ontem, 2/4, foi realizada a segunda reunião da comissão.



Fonte: CUT - SINTRAJUFE

sexta-feira, 28 de março de 2008

"Valeu a pena?Tudo vale a pena se a alma não é pequena". . .
Fernando Pessoa

quinta-feira, 27 de março de 2008

Conheça nossos heróis

É com muito orgulho que sempre que posso assisto aos vídeos disponibilizados na página: http://www.acordacultura.org.br/, venha conhecer os Heróis de Todo Mundo.
É o Brasil se mostrando em todas as suas cores.
Este projeto tem como propósito construir uma nova prática para pensar e agir as relações educacionais pluriracial e multicultural, dando visibilidade à cultura afro-descendente como protagonista na construção histórica do nosso país.
"Minha família é incontável...
Eu tenho irmãos em todas as partes do mundo.Minha esposa vive em todos os Continentes.Minha mãe se encontra no Oriente e no Ocidente.Meus filhos são todas as crianças do Universo.Meu pai são todos os homens de amor...
Por que chorar pelo amor de uma mulher?Por que estreitar o mundo a um lar por que prender-se a uma rua, a uma cidade, a uma pátria?Por que prender-me a mi mesmo?"
Solano Trindade

domingo, 23 de março de 2008

"Se consciência é memória e futuro, quando e onde está a memória africana, parte inalienável de consciência brasileira?" (Abdias do Nascimento)

Em 09 de janeiro de 2003 foi aprovada a Lei 10.639, que tornou obrigatório o ensino da história da África e da cultura Afro-Brasileira, nas escolas de educação básica e fundamental, públicas e privadas em todo o país.

A inclusão do negro nos livros escolares é o início da desmistificação da democracia racial, é tornar público a luta dos negros, e a importância de sua participação na construção da sociedade brasileira, bem como sua valorização como afro-descendente.

Após cinco anos da sanção da Lei 10.639/03, é necessário que façamos uma reflexão sobre a questão racial e a não aplicação da lei no planejamento escolar, pois são muitas as deficiências percebidas, que impedem sua implementação, desde a desatualização de livros didáticos, falta de formação, capacitação e conhecimento da história e da cultura africana pelos educadores, até a omissão do estado brasileiro em não cumprir sua obrigação, de fazer cumprir verdadeiramente a lei.

quarta-feira, 19 de março de 2008




8 de março Dia Internacional da Mulher

Dia de reflexão e de luta, até que todos, independentemente de raça, gênero ou classe social, tenham acesso ao trabalho, moradia,educação, saúde, lazer, enfim a uma vida digna.

"A nossa luta é afavor das mulheres, mas não contra os homens"

Eleutéria da Silva

21 de março, Dia Internacional Contra a Discriminação Racial

Honremos todas as vítimas do passado e do presente, lutando sempre para construir um futuro livre desta calamidade e uma sociedade onde a igualdade, seja uma realidade para todos.
"Não vos alerto por represália
Nem cobro meus direitos por vingança.
Só quero
Banir de nossos peitos
Esta goma hereditária e triste
Que muito me magoa
E tanto te envergonha."
Geni Guimarães
O racismo se apresenta, de forma velada ou não, contra judeus, árabes, hispânicos, orientais, indígenas, mas sobretudo negros.
No Brasil, onde os negros representam quase a metade da população, o racismo ainda é um tema que precisa mobilizar o apoio público e privado em favor de mudanças.
Precisamos resgatar a cultura negra, buscar cidadania e combater o racismo, para juntos construir-mos uma sociedade mais justa.

Marcha das Mulheres em 07/03/08

Mara, Vânia e Cristina do Sintrajufe e eu, Odete do Sindisindi e trabalhadora do Sintrajufe.